A mobilidade das novas tecnologias está transformando as relações sociais, assim como a organização das cidades e de seus habitantes. Estão sendo construídas cibercidades: "ambientes que articulam a cidade física com o ciberespaço" (Pierre Lévy apud Valentim, 2005, p.5) onde o que está em questão são: mobilidade e controle.
As tecnologia móveis estão alterando as formas de comunicação e estão nos fazendo repensar o sentido do que é comunicar. Os aparelhos de celular, por exemplo, além da conversação, possuem outro modo de comunicação: o envio de mensagens (SMS). O modo como é feita essa "troca de textos" faz com que a comunicação deixe de ser social para ser uma comunicação pessoal.
"Essas mensagens de texto funcionam como ordens a serem obedecidas e não servem para o desenvolvimento de um diálogo. A comunicação deixa de ser discurso, compreensão mútua e ação comum e passa a ser uma ação solitária que funciona melhor quando uma pessoa está envolvida." (VALENTIM, 2005, p.7)
A mobilidade está conectada ao exercício de poder de modo que possibilita com que os ambientes exerçam controle sobre os cidadãos. Valentim (2005) acredita na constatação feita por Gilles Deleuze de que estaríamos passando de sociedades disciplinares para sociedades de controle.
"As sociedades disciplinares tinham como objetivo vigiar e disciplinar a reclusão, impedir que os indesejáveis par a sociedade escapassem ou fugissem dos internatos. Hoje, o objetivo da sociedade de controle é vigiar e controlar a inclusão, garantir que nenhum intruso entre nos controlatos". (VALENTIM, 2005, p.5)
É importante ressaltar que essas tecnologias de mobilidade permitem o exercício de uma nova forma de poder, mas também fornecem uma maneira de resistir a ela.Os chamados Smart Mobs ou Multidões Inteligentes são exemplos desse uso das tecnologias da mobilidade e dos SMS para agenciar a resistência.
"Os Smart Mobs são agrupamentos compostos por pessoas com a capacidade de agir de forma coordenada, mesmo sem se conhecer e previamente, utilizando dispositivos portáteis conectados sem-fio `a Internet e outras redes colaborativas." (VALENTIM, 2005, p.8)
"Graças `as infra-estruturas das cibercidades, essas multidões utilizam a sua inteligência coletiva, mobilidade e comunicação para criar e conquistar novos espaços, liberdades e condições de vida. " (VALENTIM,2005, p.1)
A mobilidade é criadora de novas hierarquias, de modo que revitaliza as condições entre pobres e ricos. As novas tecnologias móveis de comunicação e informação se tornam condições necessárias para a competição entre cidades e entre os cidadãos dentro delas. Elas também se tornam o valor mais cobiçado tanto pelas políticas cibernéticas de controle quanto pelas práticas de resistência que emergem nas cibercidades.
"Saber a diferença entre essas mobilidades pode ser a garantia de que nas ruas das cibercidades, que estão emergindo, veremos uma multidão -realmente inteligente- de flâneurs que deambulam em próprio ritmo, ao invés de transeuntes cuja movimentação se deixa levar por um automatismo controlador." (VALENTIM, 2005, p.10)
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