31 de mar. de 2008

bom saber


Grupo Arte&Meios Tecnológicos faz palestras na Sta. Marcelina e na Oswald


O Grupo de Pesquisa Arte&Meios Tecnológicos (FASM/CNPq) realiza uma série gratuita de palestras seguidas de debates entre março e junho na Faculdade Santa Marcelina e na Oficina Cultural Oswald de Andrade. Os temas analisados discorrem sobre as práticas processuais na arte e suas relações com o campo das mediações tecnológicas.

Veja a programação:

*Na Faculdade Santa Marcelina (Rua Dr. Emílio Ribas, 89, Perdizes). Sempre às quintas-feiras, das 15h às 18h.
- 10/04/08: Denise Agassi apresenta o estado da arte da net art.
- 15/05/08: Paula Garcia e Denise Agassi apresentam seus projetos artísticos.
- 05/06/08: Nancy Betts e Cláudio Bueno apresentam análises críticas das obras de Paula Garcia e Denise Agassi.

*Na Oficina Cultural Oswald de Andrade (Rua Três Rios, 363, Bom Retiro). Sempre às quartas-feiras, das 19h às 22h.
- 23/04/08 – encontro com Cecília Almeida Salles e Dora Longo Bahia mediado por Christine Mello.
- 07/05/08 – encontro com Gilbertto Prado e Marcus Bastos mediado por Lucas Bambozzi.
- 28/05/08 – encontro com Giselle Beiguelman e Priscila Arantes mediado por Nancy Betts.
- 18/06/08 – encontro com Arlindo Machado e Lucio Agra mediado por Christine Mello.

#O Grupo de Pesquisa Arte&Meios Tecnológicos (FASM/CNPq) é formado por: Christine Mello (doutora / pesquisadora / FASM / líder do grupo); Lucas Bambozzi (mestre / pesquisador / SENAC-SP); Nancy Betts (mestre / pesquisadora / SENAC-SP); Denise Agassi (mestranda / aluna / FASM); Paula Garcia (mestranda / aluna / FASM); Ananda Carvalho (mestranda / PUC-SP); Cláudio Bueno (mestrando / ECA-USP); Ana Paula Lobo (graduada / participante externa); Marcelo Salum (graduado / participante externo); Monique Allain (graduada / participante externo); Rodrigo Sassi (graduado / participante externo).

Mais informações: artemeiostecnologicos@yahoo.com.br

22 de mar. de 2008

mídia locativa: divisão

Oi meninas!
Pelo que eu li e percebi, parece que é possível uma divisão da mídia locativa em pequenas áreas de abrangência, tipo de anotação, que usa GPS, etc. O que acham? A gente pode considerar e usar isso no nosso trabalho?

18 de mar. de 2008

Cibercultura e Mobilidade: a Era da Conexão

LEMOS, André.Cibercultura e Mobilidade: a Era da Conexão.Razón Palabra, México,out.-nov.2004
Acesso em:25 fev.2008

  Estamos vivendo a "era da conexão" que também é a era da mobilidade.Esta era, que marca o início do século XXI, se caracteriza  pela emergência da computação ubíqua, pervasiva ou senciente.(Compreende-se por "computação ubíqua" ou "pervasiva" a disseminação dos computadores em todos os lugares. A " computação pervasiva", está diretamente ligada a ubiqüidade e se caracteriza pela introdução de chips em equipamentos e objetos que passam a trocar informações. A "computação senciente" refere-se a possibilidade de interconexão de computadores e objetos através de sensores que passam a se reconhecer de maneira autônoma e a trocar informações).      

  A internet sem fio,os objetos sencientes (RFID5, bluetooth) e a telefonia celular de última geração  trazem novas questões em relação ao espaço público e espaço privado, como a privatização do espaço público ( onde estamos quando nos conectamos a internet em uma praça ou quando no celular em meio a multidão das ruas?), a privacidade ( cada vez mais deixaremos rastros dos nossos percursos no nosso quotidiano), a relação social em grupo com as smart mobs, etc. As novas formas de comunicação sem fio estão redefinindo o uso do espaço de lugar e dos espaços de fluxos. Nas cidades contemporâneas, os tradicionais espaços de lugar (rua, praças, avenidas, monumentos) estão, pouco a pouco, transformando-se em espaços flexíveis, comunicacionais, "lugares digitais".(LEMOS, 2004) 

Em relação as formas de comunicação móveis, podemos dizer que, uma reconfiguração do espaço e tempo está aparecendo, uma reconfiguracao que implica que a forma e o propósito da comunicação definem o 'publico' e o 'privado', e não o espaço no qual a comunicação acontece. (Cooper, Green, Murtagh, Harper, apud Lemos, 2004)

     As novas características das cidades contemporâneas estão diretamente ligadas `a mobilidade."Define-se mobilidade como o movimento do corpo entre espacos, entre localidades, entre espaços privados e públicos."(LEMOS, 2004)

     Lemos(2004) cita em seu artigo  Meyrowitz. Este compara os homens da era da conexão com os antigos nômades: "De várias maneiras, nos retornamos a experiências semelhantes e aos papéis imprecisos dos nômades. Mais uma vez, nos enfrentamos a dificuldade de escapar uns dos outros. De fato, é cada vez mais difícil separar uma esfera social da outra, uma atividade da outra, uma área de conhecimento e experiência da outra."(Meyrowitz apud Lemos, 2004)

     Na era da conexão, o que está em marcha são processos de ações imateriais, onde a comunicação sem fio é sua maior expressão. O celular expressa a radicalização da convergência digital, transformando-se em um teletudo para a gestão móvel e informacional do quotidiano. De media de contato inter-pessoal, o celular está se transformando em um media massivo.

     Lemos (2004) questiona se o telefone celular é um verdadeiro canal de comunicação, ou se ele é utilizado apenas para trocas rápidas de informação, não caracterizando um verdadeiro processo comunicacional.Ele conclui que “os celulares devem ser entendidos como instrumentos que podem aumentar as possibilidades de emissão e de recepção de informações, ampliando as probabilidades de comunicação mas não garantindo, necessariamente, um maior enriquecimento do processo comunicativo.”

 1. a disseminação de instrumentos de informação não necessariamente melhoram a performance comunicativa; 

2. não há determinismo técnico nesse sentido, e o controle sobre o quotidiano, tendo o celular como um controle remoto da vida, não garante a construção de uma sociedade da comunicação aberta, melhor ou em direção ao entendimento; 

3. O determinismo tecnológico deve ser aqui rechaçado e as máscaras da ideologia reveladas. A era da conexão não é necessariamente uma era da “comunicação”.

Surgem ainda novas tecnologias sem fio com função de mobilizar a sociedade nas metrópoles contemporâneas. São elas as smart mobs :” São denominadas smart mobs o uso de tecnologias móveis para formar multidões ou massas com objetivo de ação no espaço público das cidades."(LEMOS,2004)

Lemos (2004) caracteriza as smart mobs como fenômenos de massa, distinguindo estas das outras formações de massa apenas pelo uso das novas tecnologias móveis sem fio para agregação soacial no espaço público:

 1. elas são abertas que tendem a crescer e onde reina a igualdade (a massa formada é aberta à priori, constituída de indivíduos que não pertencem ao mesmo grupo e que vão exercer o sentimento de igualdade juntando-se); 

2. elas são rítmicas (vão no movimento da convocação – por SMS, e-mails, blogs - onde “la densité est consciemment structurée par esquive et rapprochement”) e; 

3. Elas são rápidas.

Depois de séculos de esvaziamento do debate político no espaço público, esse fenômeno mostra o desgaste das atividades políticas clássicas e a emergência de novas formas micro-políticas de ação.(LEMOS, 2004)

DHMCM - André Lemos

LEMOS, André. Comunicação e práticas sociais no espaço urbano: as características dos Dispositivos Híbridos Móveis de Conexão Multirredes. In: Comunicação, Mídia e Consumo/ Escola Superior de Propaganda e Marketing. v. 4, n. 10 (junho 2007). São Paulo: ESPM, 2007, p. 23-40.

Dispositivos Híbridos Móveis de Conexão Multirredes (DHMCM) são tecnologias portáteis que congregam várias funções (telefone, computador, máquina fotográfica, câmera de vídeo, processador de texto, GPS) e pode empregar diversas redes (Bluetooth, infravermelho, internet, satélites de GPS).

Eles reconfiguram “as práticas sociais de mobilidade informacional pelos espaços físicos das cidades”.

“Com os DHMCM, emergem novas formas de contato permanente e contínuo, em mobilidade, propiciando novas vivências do espaço e do tempo das (ciber)cidades”.

“Formas de apropriação dos espaços das cidades em que os usuários podem reconhecer outros usuários, anotar eletronicamente um espaço (deixando sua marca com um texto, uma foto, um som ou um vídeo), localizar ou mapear lugares ou objetos urbanos, ou mesmo jogar, tendo como pano de fundo ruas, praças e monumentos.

Surrealistas, dadaístas e situacionistas transformavam o andar no espaço público em arte, nas décadas de 50 e 60, através de performances. “Essas práticas, como as atuais, com celulares, GPS ou etiquetas RFID (Radio Frequency Identification), buscam criar formas de apropriação dos espaços das cidades, cada vez mais impessoais, frias e racionalizadas”.

Essa experiência de anotação pode ser ao mesmo tempo social e estética – arte e política?

O lugar fica dotado de sentido, se torna único no espaço urbano.

“ampliar a leitura do espaço urbano pela superposição de camadas informacionais aos lugares do espaço público”.

À medida que as máquinas se tornam sem fio, móveis, vamos criando projetos que visam a territorialização, enraizamento, ancoragem.

Caráter da informação móvel como signo de não-separação, garantia contra abandono e solidão.

Uma mídia que não quer apenas informar, mas reconfigurar as formas de sociabilidade, produzir, cultura.

Uso de tecnologias móveis torna espetacular a vida comum.

“As tecnologias móveis e sem fio estimulam novos e velhos rituais sociais: trocas, informações, cooperação, reforço da coesão, práticas comuns, coordenação de atividades”. (pág 13)

Tranformação do espaço físico da cidade, que constitui uma nova urbanidade.






ps: esta nao é a referencia q usei, copiei de um trabalho de uma menina

O meulular que me pariu - Giselle Beiguelman

BEIGUELMAN, Giselle. O meulular que me pariu. Trópico. Disponível em: . Acesso em: 2 mar. 2008.

“Beba do veneno, sinta-se detentor de um poder que de fato não tem, mas embriague-se com a idéia de exercê-lo e pisar impiedosamente em alguém.”

“O problema é que os tempos em que se podia localizar tão precisamente os focos de poder e dominação já se tornaram remotos.”

Existem várias (e novas) maneiras de espiar a vida alheia na contemporaneidade, e elas não se limitam a “reality shows”. Vivemos num mundo “1984”, em que somos vigiados o tempo todo e nem nos damos conta. Giselle Beiguelman fala dos “spywares”, programas que entram no seu computador sem que você saiba, geralmente por algum programa que você baixa grátis. Esses programas literalmente “espiam” seu computador, sabendo tudo o que você faz nele. Desse jeito, empresas podem saber seus interesses e por exemplo, mandar e-mails sobre o assunto, ou tentar vender produtos que você gosta e está procurando. Ainda não temos consciência, mas nossos passos são facilmente rastreados, o que existe é uma falsa privacidade.

Aqui vai o texto inteiro, que é pequeno:

O meulular que me pariu
Por Giselle Beiguelman

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Programas de monitoramento de navegação aproximam internautas do mundo sombrio de “1984” de George Orwell

Nessa história de brigas judiciais entre a Globo e o SBT, para mim uma coisa é clara. Quem deveria estar processando todos são os detentores dos direitos autorais do George Orwell (1903 – 1950).

E não é pelo uso indevido e sem créditos do nome de um de seus personagens mais conhecidos, o Big Brother (Grande Irmão), de “1984”, o livro, mas pela promoção de uma compreensão equivocada do que ele seria.

Esse papo de ver alguma semelhança entre os seres que habitam esses planetas do “BBB”, “Casa dos Artistas” e outras traquitanas televisivas com o mundo da obra-prima de George Orwell é um insulto à história da cultura contemporânea.

Se existe alguma semelhança, ela reside entre a fauna que os assiste e os pobres idiotas que viviam na Oceania (o país imaginário de “1984”). Eram todos vítimas de um Estado-mídia que controlava e vigiava a todos, é certo, mas não porque tinha câmeras ocultas, e sim porque os reduzia a entes vivos sem qualquer traço de humanidade.

A obediência não é suficiente, ensinava O’Brien, o inquisidor e líder do Partido, a Winston Smith, o protagonista que começara a desafiar a máquina de controle ao se apaixonar por Julia. É preciso, dizia ele, infringir dor e sofrimento para que o poder se imponha. Só os humilhados são capazes de obedecer cegamente, explicava a Winston, e arrematava: “O poder está em rasgar mentes humanas em pedaços e colocá-las juntas de volta em novas formas escolhidas por você mesmo...”.

O’Brien era o ícone de um sistema totalitário marcado pela ambição por um mundo, como ele mesmo dizia, em que não haveria mais necessidade de ciência, nem distinção entre a beleza e a falta dela, muito menos curiosidade ou alegria, mas onde prevaleceria, em tudo, a intoxicação pelo poder.

“Sempre, a cada momento, haverá o tremor da vitória, a sensação de pisar num inimigo que já está sem esperança. Se você quer uma imagem do futuro, imagine uma bota pisando num rosto humano -para sempre."

Assim falava O’Brien, e é esse tipo de aspiração que aproxima “1984” do universo dos “reality shows”. Já não é possível sequer wapar no seu celular sem ser convidado a votar em quem se quer exterminar.

Elimine um participante, convida-se. Beba do veneno, sinta-se detentor de um poder que de fato não tem, mas embriague-se com a idéia de exercê-lo e pisar impiedosamente em alguém.

Mas não se sinta desenturmado só porque não vê esses programas, nem perde tempo lendo o que se escreve sobre eles. Mais uma vez, não caia nessa armadilha boba de achar que a presença de “1984” se resume a essa pseudovigilância dos “reality shows” e que basta um pouco de senso crítico para resistir a algumas mídias e selecionar as melhores.

Antes fosse assim. O problema é que os tempos em que se podia localizar tão precisamente os focos de poder e dominação já se tornaram remotos.

Em um ensaio publicado na “Progressive”, nos anos 80, Noam Chomsky pontificava sobre os limites da liberdade de pensamento nas democracias ocidentais, investigando os mecanismos pelos quais as instituições políticas podiam prescindir hoje de formas autoritárias e violentas de controle.

Segundo o lingüista norte-americano, a aliança entre poder político e mídia promove, nas chamadas democracias, um tipo de controle das idéias que pode ser exercido sem coerção, apenas valendo-se da construção e circulação de uma novilíngua orwelliana (na Oceania falava-se Newspeak, lembra?) em que se podia até chamar as guerras do Oriente Médio de “processo de paz”...

Ampliando um pouco essas considerações, na era da Internet, a gente acaba se perguntando o que quer dizer “freeware”, e aí a coisa começa a ficar assustadora. Teoricamente quer dizer “programa grátis” e uma das maiores dádivas da Web, porém, na prática, pode ser outra coisa.

Não que seja mentira do tipo anuncia-se que é grátis, mas na hora de usar, você tem que pagar. Isso é estratégia pré-“1984”. O programa de fato é grátis, porém o que o usuário não sabe é que está instalando um pacote de softwares que passam a monitorar sua vidinha on line.

Esse negócio tem um nome. Chama-se “spyware” e perto disso, cookies, spams e câmeras ocultas parecem coisas saídas das histórias da carochinha. Definidos por Damien Cave, da “Salon”, como emblemas da emergência de uma economia de parasitas, essas pragas foram muito debatidas quando se descobriu que o Kazaa, um programa para troca e compartilhamento de arquivos em áudio e vídeo, muito mais legal que o Napster, trazia uma penca deles embutidos.

Esses programas não são encontráveis em uma busca simples no seu computador, mas já existe uma série de outros especializados em caçar spywares (abaixo segue uma listinha deles). O lado mais perverso é que ninguém avisa que vai dar de brinde um kit desses espiões ao inocente que está copiando o programa que escolheu.

É traiçoeiro mesmo, pois tudo é feito sem o seu consentimento ou conhecimento, e são, sem dúvida alguma, na forma de atuar, extremamente invasivos no que diz respeito à privacidade.

Segundo as empresas que fabricam esse tipo de programa, trata-se apenas de um recurso semelhante a uma pesquisa de mercado, pois permite mapear comportamentos e hábitos que são reenviados, pela Internet, aos patrocinadores ou disponibillizadores desses tais programas grátis.

Muitos desses spywares fazem o vasculhamento da sua navegação enviando de 5 em 5 segundos screen shots (imagens do seu monitor) e, os mais sofisticados, podem documentar o momento em que uma aplicação foi iniciada, quem a executou, títulos de todas as janelas abertas e até o que se passa no teclado.

É assim, com essa historinha de spywares, que se resolvem mistérios como o de e-mails estranhos que começam a pulular no seu inbox e, assustadoramente, parecem realmente ter sido escritos por alguém que você conhece.

Como todas as pessoas minimamente normais, tenho um melhor amigo. Somos tão amigos que raramente trocamos e-mails e, dificilmente, conversamos pelo telefone (fixo ou móvel). Quase nunca nos encontramos, mas visito seu site regularmente, pois é a pessoa com o humor mais fino e irônico que conheço.

Ele é tão divertido e surpreendente que quase me tirou o fôlego outro dia. Foi durante o São Paulo Fashion Week. Abri meu e-mail e havia um indicando ter sido escrito por rmiranda, com o seguinte texto na linha de assunto: “rmiranda Fashion News.”

Abri na hora, pois rmiranda é a identidade de e-mail dele e só poderia ser piada sobre o SPFW. O conteúdo era hilário. Anunciava um produto infinitamente melhor e mais barato do que um celular (sou viciada, confesso). O “meulular”.

Quase bati a testa no teclado de tanto rir. Meulular é muito pra cabeça. E, óbvio, o conteúdo tinha link para site que não funcionava e todos os ingredientes de uma pegadinha do Ronas, meu amigo, que autorizou essa divulgação de nossa intimidade.

Liguei para ele, entre risos, e qual não foi nosso susto: não havia sido ele. Ao tentar identificar as propriedades do endereço, para saber quem era o falso rmiranda, aparecia um campo em branco.

Na seqüência, vieram muitos outros e-mails de rmiranda, todos com conteúdos relativos a hábitos e gostos meus (nada que lembre aqueles saudosos spams que anunciavam produtos para todas as giselle@qualquercoisa, como no saudoso passado da antiética explícita).

Acho que deixei de ser cyberhippie nesse dia. O meulular desterrou o que restava da minha inocência on line.

Lembrei, na hora, do escândalo do Kazaa, de meados de 2001, ao qual não tinha mesmo dado muita importância. Fiz buscas, vasculhei meu computador e, sim, tinha spywares instalados.

Nossa, isso está ficando com cara de blog, um negócio que acho bem chato, mas que se tivesse sido inventado antes, faria "1984" parecer menos sombrio. Afinal, a Oceania é uma festa.

link-se
OptOut - Internet Spyware Detection and Removal - http://grc.com/optout.htm
The Noam Chomsky Archive - http://www.zmag.org/chomsky/
Spychecker - http://www.spychecker.com/
The Parasite Economy - http://www.salon.com/tech/feature/2001/08/02/parasite_capital/index.html
George Orwell - http://www.k-1.com/Orwell/
Mambo e o Caos (Site do Ronas) - http://sindicato.etc.br/mambo/
Spycheck

Giselle Beiguelman
É professora do curso de pós-graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP. Autora de "A República de Hemingway" (Perspectiva), entre outros. Desde 1998 tem um estúdio de criação digital (desvirtual - www.desvirtual.com) onde são desenvolvidos seus projetos, como "O Livro Depois do Livro", "Content=No Cache" e "Wopart". É editora da seção "Novo Mundo", de Trópico.

Locative Media: A Brief Bibliography And Taxonomy Of Gps-Enabled Locative Media

BLEECKER, Julian; KNOWLTON, Jeff. Locative Media: A Brief Bibliography And Taxonomy Of Gps-Enabled Locative Media. Disponível em: . Acesso em: 17 fev. 2008.


Locative media: cria experiências que elevam um local de “um ponto coordenado por latitude/longitude na Terra” para um nível de um local existencial, experienciado.

Cuidado ao considerar a mídia locativa como arte: o exército americano patrocina ensaios, estudos e trabalhos de arte baseados nas práticas móveis, locativas e de relações sociais. Ele trouxe o GPS, e tem papel importante na mídia locativa, e isto traz conseqüências éticas ao trabalho de “arte” na mídia locativa.

Apropriação do GPS para propósitos criativos. “ The military expenditures on instrumentalizing location, refashioned for aesthetic purposes, have circulated the culture of location-awareness, made access to the technology widespread, and created a an exciting topic for discussion at conferences, trade shows, symposiums, and on net discussion lists”.

Já existiam trabalhos de arte inspirados na geografia e território, mas a digitalização dos terrenos que permitiu a existência da mídia locativa. A tecnologia existe só agora, mas a motivação já existia.

Para muitos praticantes, só com a criação do GPS e apoio do exército for possível a mídia locativa (que usa GPS).

Trabalhos de mídia locativa

AMSTERDAM REAL TIME – Esther Polak

Habitantes de Amsterdã carregam um PDA que desenha o movimento delas na cidade em tempo real. Base de dados/GPS.

SIGNAGE FOR INVISIBILITY – Pete Gomes

Desenho usando coordenadas, com ajuda de GPS.

SONIC CITY – Lalya Gaye, Margot Jacobs, Ramia Mazé, Daniel Skoglund

A pessoa usa uma roupa que ativa certos sensors, e uma música é criada a partir do ambiente e dos movimentos da pessoa.

SURFACE PATTERNS – Blink

Digitando certos números em 10 lugares específicos da cidade (Huddersfield, UK), a pessoa pode ouvir histórias diferentes. A pessoa também pode adicionar suas próprias histórias na “memória eletrônica” da cidade. O usuário só precisa do celular, o que diminui a barreira de participação.

TRACES OF FIRE – Volkmar Klien e Ed Lear

Isqueiros acoplados com transmissores usados para rastrear animais em seu habitat foram deixados em vários pubs. Através de antenas colocadas em telhados, os isqueiros (e as pessoas que os carregavam) foram rastreadas por semanas. O trabalho mostra ganhos e problemas em rastrear movimentos dos indivíduos no espaço urbano.

TRACK THE TRACKERS – Annina Ruest

Uso de GPS – alerta sonoro para proximidade de câmeras de segurança

YOU ARE HERE – Laura Kurgan

Em 2000, os Estados Unidos introduziram erros no sinal de GPS dos civis, enquanto as informações corretas do sistema GPS eram retidas para o exército americano.

Em 95, uma antena de GPS foi colocada no telhado do Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, e pelos dados obtidos durante um tempo, a aparência era de que o prédio estava movendo.

Taxonomia

· espaço geográfico – Uma das características da mídia locativa. Pode ser o lugar físico ou um signo que o representa. Pode ser representado por coordenadas ou mesmo etiquetas pregadas no lugar.

· Map hacking – Hackear sinais de direção, de trânsito. Hackear a forma de fazer mapas.

· Mapeamento experimental – Capturar histórias, ficções e futuros de um lugar no espaço geográfico.

· Legibilidade cartográfica (?) – Mapas que agrupam características comuns (?)

· Realidade mista – Conexões entre lugares ficcionais e não-ficcionais.

· Hyphenation??

A Mobilidade das Multidões: Comunicação Sem-fio, Smart Mobs e Resistência nas Cibercidades

VALENTIN, Júlio. A Mobilidade das Multidões: Comunicação Sem-fio, Smart Mobs e Resistência nas Cibercidades. In: XIV COMPÓS, 2005, Niterói-RJ. Disponível em: Acesso em: 18 set. 2007.

A mobilidade das novas tecnologias está transformando as relações sociais, assim como a organização das cidades e de seus habitantes. Estão sendo construídas cibercidades: "ambientes que articulam a cidade física com o ciberespaço" (Pierre Lévy apud Valentim, 2005, p.5) onde o que está em questão são: mobilidade e controle.
As tecnologia móveis estão alterando as formas de comunicação e estão nos fazendo repensar o sentido do que é comunicar. Os aparelhos de celular, por exemplo, além da conversação, possuem outro modo de comunicação: o envio de mensagens (SMS). O modo como é feita essa "troca de textos" faz com que a comunicação deixe de ser social para ser uma comunicação pessoal.
  "Essas mensagens de texto funcionam como ordens a serem obedecidas e não servem para o desenvolvimento de um diálogo. A comunicação deixa de ser discurso, compreensão mútua e ação comum e passa a ser uma ação solitária que funciona melhor quando uma pessoa está envolvida." (VALENTIM, 2005, p.7)
  A mobilidade está conectada ao exercício de poder de modo que possibilita com que os ambientes exerçam controle sobre os cidadãos. Valentim (2005) acredita na constatação feita por Gilles Deleuze de que estaríamos passando de sociedades disciplinares para sociedades de controle.
"As sociedades disciplinares tinham como objetivo vigiar e disciplinar a reclusão, impedir que os indesejáveis par a sociedade escapassem ou fugissem dos internatos. Hoje, o objetivo da sociedade  de controle é vigiar e controlar a inclusão, garantir que nenhum intruso  entre nos controlatos". (VALENTIM, 2005, p.5)
  É importante ressaltar que essas tecnologias de mobilidade permitem o exercício de uma nova forma de poder, mas também fornecem uma maneira de resistir a ela.Os chamados Smart Mobs ou Multidões Inteligentes são exemplos desse uso das tecnologias da mobilidade e dos SMS para agenciar a resistência.
  "Os Smart Mobs são agrupamentos compostos por pessoas com a capacidade de agir de forma coordenada, mesmo sem se conhecer e previamente, utilizando dispositivos portáteis conectados sem-fio `a Internet e outras redes colaborativas." (VALENTIM, 2005, p.8)
        "Graças `as infra-estruturas das cibercidades, essas multidões utilizam a sua inteligência coletiva, mobilidade e comunicação para criar e conquistar novos espaços, liberdades e condições de vida. " (VALENTIM,2005, p.1) 
  A mobilidade é criadora de novas hierarquias, de modo que revitaliza as condições entre pobres e ricos. As novas tecnologias móveis de comunicação e informação se tornam condições necessárias para a competição entre cidades e entre os cidadãos dentro delas. Elas também se tornam o valor mais cobiçado tanto pelas políticas cibernéticas de controle quanto pelas práticas de resistência que emergem nas cibercidades.
  "Saber a diferença entre essas mobilidades pode ser a garantia de que nas ruas das cibercidades, que estão emergindo, veremos uma multidão -realmente inteligente- de flâneurs que deambulam em próprio ritmo, ao invés de transeuntes cuja movimentação se deixa levar por um automatismo controlador." (VALENTIM, 2005, p.10)

17 de mar. de 2008

Cibercultura e Tsunamis

Cibercultura e Tsunamis.
Tecnologias de Comunicação Móvel, Blogs e Mobilização Social
André Lemos,
Lorena Novas*

O artigo trata de como as tecnologias móveis ajudaram durante o tsunami que atingiu alguns países da Africa e Asia no final de 2004, facilitando na hora de procurar desaparecidos, auxiliando as vitimas, rompendo as barreiras geográficas.

Dessa forma, os autores monitoraram alguns veículos de informação para que pudessem, então, mapear qual foi o uso destas tecnologias durante esta tragédia e a conclusão foi que estas mídias foram fundamentais para a mobilização social, uma vez que possibilitam uma grande agilidade, liberdade de expressão e alcance.




O desenvolvimento da cibercultura se dá com o surgimento da microinformática
nos anos 70, com a convergência tecnológica e o
estabelecimento do personal computer (PC). Nos anos 80-90, assistimos
a popularização da internet e a transformação do PC em um
“computador coletivo”, conectado ao ciberespaço, a substituição do PC
pelo CC (Lemos 2003). Agora, em pleno século XXI, com o
desenvolvimento da computação móvel e das novas tecnologias nômades
(laptops, palms, celulares), o que está em marcha é a fase da
computação ubíqua, pervasiva e senciente, insistindo na mobilidade.
Estamos na era da conexão. (...) Agora temos os “computadores
coletivos móveis (CCm)”. (Lemos, 2004).


As tecnologias escolhidas para serem estudadas foram as SMS (Short Message Service), blogs e o Wi-Fi. Quando procurado no “Google” o assunto:
“Tsunamis e SMS”, foram encontradas 54.500 páginas;
“Tsunamis e blogs”, foram encontradas 146.000 páginas;
“Tsunamis e Wi-Fi”, foram encontradas 18.800.


Com isso, já se torna claro a importancia destas tecnologias.

“As tsunamis que atingiram a Ásia e a África no final do ano
passado chamaram a atenção do mundo não só para a tragédia
em si, como também para o comportamento das pessoas ao
redor do mundo durante os desastres. Celulares, internet sem fio e
diários virtuais se transformaram em instrumentos para veiculação de
notícias e para organizar formas diversas de assistência
social (saúde, saneamento, reconstrução de infra-estruturas, etc.).
As tecnologias móveis digitais e em rede permitiram a divulgação
de relatos em tempo real, no exato momento em que as ondas
engoliam prédios e matavam nativos e turistas estrangeiros que
tomavam sol tranqüilamente nas praias.”



Dentre as 3 ferramentas monitoradas durante a pesquisa, a mais utilizada foi o SMS. Empresa de telefonia “ZapToPhone” e TV italiana “Sky TV 24” utilizaram dele para realizar doações e campanhas.

Outras formas de mobilização por meio de mídias móveis, que até então eram utilizadas com propósitos artísticos, começaram a serem utilizadas para fins sociais, como é o caso dos Smart mobs.

Para H. Rheingold (2002), smart mobs
consist of people who are able to act in concert even
if they don’t know each other. The people who make
up smart mobs cooperate in ways never before
possible because they carry devices that possess both
communication and computing capabilities” (Rheingold, 2002, p. xii)



No caso dos blogs, também serviu como ferramenta de grande utilidade, divulgando fotos, videos e informações sobre o que acontecia. Mas o uso de blogs para estes fins, assim como no caso das SMS, nao é novidade. “Durante manifestações políticas contra a globalização, no período da segunda guerra do golfo e demais fenômenos político-sociais contemporâneos, estes jornais pessoais têm se tornado instrumentos eficientes, tanto na divulgação de mensagens sem filtro partidário-midiático, como na ajuda à mobilização social”.



“O Wi-Fi,de wireless fidelity, é o nome do
protocolo de conexão sem fio ethernet 802.11 que faz
com que computadores possam se conectar à Internet sem a
parafernália de fios e cabos por meio de ondas de rádio em
freqüências específicas. O sistema reforça a tendência
mundial da informática nômade”.


A conclusão deste artigo é que as tecnologias móveis foram de extrema importancia para a ajuda no caso do tsunami, bem como em muitas outras situações.


“O estudo em questão mostrou que nossa hipótese de uma “era da conexão”
móvel, como um novo patamar da sociedade da informação, está em pleno
desenvolvimento. Esta nova estrutura técnica da cibercultura tem trazido importantes
impactos nas relações sociais e nas formas de comunicação do século XXI”.

Beyond Locative Media

Beyond Locative Media

by Marc Tuters and Kazys Varnelis


Disponível em http://networkedpublics.org/locative_media/beyond_locative_media
Acesso em 28 de Fevereiro, 2008


O texto inicia apontando a crítica comumente feita à Arte Locativa: a é de que ela tende, na maioria das vezes, para o lado comercial ou para o mapeamento. Segundo o autor, esta é uma crítica equivocada por considerar que a arte possa ser independente dos meios tecnológicos de comunicação em massa.

A mídia locativa surgiu na metade da última década como uma resposta para a chamada net art que já mostrava sinais de esgotamento. A proposta era tirar a experiência de dentro de galerias e computadores e a leva-lá para a rua, para a cidade. A princípio, a mídia locativa serviu como nome para um Workshop que foi realizado pelo centro de arte eletronica e midia, RIXC, na Letónia no ano de 2002.


“Where net art sought to maintain its autonomy in order to claim art status, locative media has been far less interested in this such claims”. Baseado nisso, é fato que os artistas que se aventuram no ambiente da arte locative, são visto como “parceiros” dos institutos que trabalham com estas tecnologias, das empresas e dos fabricantes. É nisto que se baseia a crítica. Estes artistas, na grande maioria, não se mostram preocupados ou relutantes com a tendência à aplicação comercial.

De uma forma mais generalizada, o autor divide a Mídia Locativa em duas formas: “Broadly speaking, locative media projects can be categorized under one of two types of mapping, either annotative—virtually tagging the world—or phenomenological—tracing the action of the subject in the world. Roughly, these two types of locative media—annotative and tracing—correspond to two archetypal poles winding their way through late 20th century art, critical art and phenomenology, perhaps otherwise figured as the twin Situationist practices of détournement and the derive”

Como exemplo para a forma annotative, ele cita o projeto Urban Tapestries realizado em 2003 e 2004. As pessoas eram equipadas com GPS, celulares 3G, e PDAs e podiam, então, deixar “anotado” no local informações, recados etc, para que as pessoas que passarem pelo local no futuro tenham acesso. Segundo um dos criadores Jeremy Hight, o resultado desta experiência "creates a sense that every space is agitated (alive with unseen history, stories, layers)”.


“But if the work itself resides in the pure code itself,
what is the difference between locative media
and software development?”

O artigo continua fazendo um análise do porquê da Mídia Locativa ser, muitas vezes, associada à Sociedade do Controle, de Deleuze. O teórico Andreas Broekman (diretor do Transmediale Festival em Berlin), acusa a mídia locativa como a “avant-garde” da sociedade do controle, uma vez ela usa de ferramentas próprias da vigilancia e controle.

“These critiques are well-founded, but their antagonist tenor often seems to be an inversion of the boosterist claims made in favor of locative media. There's something peculiar, even comical, in how the movement is, on the one hand ´the Next Big Thing´ to some, a capitalist apocalypse to others”.

Fato é que não se deve considerar apenas um ou o outro lado. Como o próprio Deleuze afirma à respeito da Sociedade do controle “there is no need to fear or hope, but only to look for new weapons”.


Outro ponto que o artigo discute, é o fato de que a Locative Media tenta, de certa forma, atingir uma massa de audiência, ao se relacionar com tecnologias de consumo e subverter suas funções. Como exemplo, tem o projeto entitulado MILK, exibido em 2005 no Ars Electronica. Ele rastreia o caminho que o leite faz, desde a sua origem em uma campo rural na Letonia até um vendedor de queijo holandês. “MILK's artists are not terribly interested in Latour's reading and instead see their work more as a form of romantic landscape art”.


“Even MILK's project is not about milk, but rather about the people involved in the production and distribution of milk as it transforms from Latvian biological fluid to Dutch product”.



Algumas referências retiradas deste texto:

Patrick Litchy
Turbulence.org
http://www.we-make-money-not-art.com/
Urban Tapestries, projeto do ProboscisAnne Galloway – antropóloga que estudou o Urban Tapestries. “has critiqued this model of hybrid arts/researcher and community organizing for not yet having

Arte Wireless - Giselle Beiguelman

Arte Wireless
Por Giselle Beiguelman

Disponível em http://www.razonypalabra.org.mx/anteriores/n41/gbeiguel.html
Acesso 28 de Fevereiro, 2008-03-02


A Autora começa o artigo com dados sobre o uso de dispositivos portáteis de comunicação sem-fio, mostrando um aumento irreversível tanto no consumo quanto na conexão à internet atraves destes dispositivos móveis.

“Esses dados apontam não só para a incorporação do padrão de vida nômade, mas, também indicam que o corpo humano se transformou em um conjunto de extensões ligadas a um mundo cíbrido, pautado pela interconexão de redes e sistemas on e off line”.

Estes dispositivos móveis servem como ferramentas para que nos adaptemos ao mundo de contínua aceleração e à vida urbana. Com isso, a autora propoe uma reflexão sobre como se dá a recepção, uma vez que estes dispositivos possuem, como característica, o fato se enquadrar no contexto onde o ser humano é multi tarefa, ou seja, desempenha diversas atividades ao mesmo tempo: fala ao telefone, enquanto dirige e olha painéis eletronicos.

“Criar para essas condições implica, por isso, repensar as condições de legibilidade e as convenções e formatos da comunicação e transmissão. Mas implica também compreender os meandros políticos, econômicos e ideológicos que interpõem a essas condições de criação”.

Dentro deste contexto, é preciso pensar na relação entre os artistas e as empresas e como a produção, circulação e a recepção destas experiencias realizadas em redes se dão. Não é tarefa fácil para o artista usar destas ferramentas na realização da obra sem, no entanto, deixar de lado a sua liberdade crítica.

“Um raciocínio simplista poderia concluir aí: arte e cultura não podem ser produzidas com perspectivas críticas nesses moldes”. Mas, como bem coloca Beiguelman (ano), é preciso “Lembrar que o campo estrutural da ciberpolítica hoje não é questionamento da marca ou do produto em si, mas os sistemas operacionais e o tipo de codificação dos programas utilizados: abertos ou fechados”.

É fundamental ter em mente, que este ambiente da arte wireless é totalmente mediado pelas operados e pelos fabricantes e dependem inteiramente deles, ainda mais quando as universidades (principalmente as brasileiras) não possuem aparelhos suficientes e necessarios para o incentivo da pesquisa. Por estes motivos, espera-se mais ainda que o artista não perca a responsabilidade crítica.

“Ao contrário, exige dele, talvez mais do que nunca, a consciência de que qualquer opção tecnológica é ideológica e que manter sua liberdade de criação e pensamento, nesse âmbito, passa pelo abandono de posturas românticas fundadas na base da divisão de trabalho entre os inspirados e os transpirados. Sem conhecer os fundamentos da programação, corre-se o risco de virar garoto-propaganda sem sequer saber do quê....”

A arte wireless vem para nos mostrar, mais uma vez, que o ser humano é um ser político, que pertence à cidade, à este ambiente em que se é possivel compartilhar e interagir.
A partir daí, a autora irá analisar duas obras expostas na exposição “Life Goes Mobile”, realizada entre os dias 10 e 12 de setembro, no Instituto Tomie Ohtake, com curadoria de Bambozzi e patrocínio da Nokia Trends. As obras são: “Argos” de Helga Stein e “Constelações” do coletivo Re:Combo

“´Argos´ lançava, assim, ao público não só questões sobre como as novas tecnologias estão participando de uma outra codificação da subjetividade, descolada da referência ontológica e mediada pela tela, como sugeria uma cultura wireless pautada pela miscigenação e mutação, em consonância com uma contemporaneidade que se faz pela crítica da sociedade do espetáculo a partir do espetáculo de si mesmo”.

Com base em uma pequena análise das obras, a autora termina o artigo levantando as seguintes questões: dentro deste contexto, como fazer uma arte que possa ser experimentada no meio de outras coisas e como se relacionar com este novo ambiente, onde dispersão e distribuição são palavras-chaves.

Em: BEIGUELMAN, G. . Coleiras Digitais. In: BEIGUELMAN, G. Link-se – arte/mídia/política/cibercultura . – São Paulo: Peirópolis, 2005. Cap. 3, p.122 – 128.

Formas de vigilância ‘invisíveis’, sem o confinamento previsto por Michel Foucault durante os estudos da sociedade disciplinar, é o tema do artigo da teórica Giselle Beiguelman.

No início, apresenta-se as modernas formas de vigiar utilizadas pelos pais para proteger seus filhos. Webcam em berçários estão ficando comuns no mundo tudo, inclusive nas capitais brasileiras como São Paulo e Rio de Janeiro. E comuns estão também discussões para otimizarem o uso do celular a favor da vigilância e segurança dos pais para com seus filhos. O que a autora discute é onde os valores se encaixam nessa discussão.

Desenha-se aí um sistema maluco, em que cuidar se torna sinônimo de invadir a privacidade alheia, sem que se avente qualquer possibilidade de lutar contra a violência a não ser tornando-se cúmplice de sistemas de vigilância que se espalham capilarmente pela sociedade para além de qualquer arbítrio do Estado e da comunidade. (p.123 )

A vigilância da sociedade do controle, prevista por Gilles Deleuze, em 1990 começou se manifestando através de estratégias virtuais aplicadas por grandes empresas, como os satélites, radares, câmeras ocultas e cartões magnéticos. Hoje a vigilância é muito mais íntima, pessoal, doméstica. O corpo humano se transforma “em próteses dos aparatos de segurança, como fica evidente com a popularização de novos sistemas de identificação e monitoramento sem fio”. Prova disso são as etiquetas RFID (Radio Frequency Identification) que transmite dados digitais do suporte onde é aplicada. Em matéria do Jornal Nacional (dia 27/02) foi noticiado que brevemente essas etiquetas serão aplicados nos produtos de supermercado. A notícia foi totalmente favorável a mais essa intromissão da tecnologia no dia-a-dia do consumidor.

RFID plays a pivotal role in joining the physical world with the digital. An object tagged with an RFID chip has a unique digital identity. Any kind of online data can be linked to these unique ID's. Here is where the real world and the internet become two faces of the same reality. Things go online, in other words, an internet of things evolves. [1]

Voltando ao texto, Beiguelman conta o caso da empresa mexicana Solusat que foi a primeira a distribuir um dispositivo subcutâneo para identificação digital e localização via ondas de rádio chamado VeriChip da da norte-americana Applied Digital Solutions (ADS). A Solusat assinou uma parceria com a Fundación Nacional de Investigaciones de Niños Robados y Desaparecidos e doou 25 Verichips para auxiliarem nos casos de seqüestros. A empresa mexicana vai receber em troca ajuda para desenvolver um programa de distribuição das etiquetas para polícias, hospitais, dentre outros lugares,

Os produtos têm o tamanho de um grão de arroz e cada um deles dispõe de um número de identificação específico. É colocado no corpo da criança e pode ser ativado por um instrumento de leitura (um scanner) que estimula o chip implantado. O chip então emite, por radiofreqüência, a informação que contém. O leitor transcodifica esses sinais no número de identificação desse chip e o envia ao computador servidor do sistema, que o associa aos seus dados arquivados, garantindo a eficiência da identificação e do monitoramento remotos. (p. 125)

A companhia mexicana também apresentou ao mundo o VeriPay, dispositivo que permite que o cartão de crédito seja aplicado no corpo dos indivíduos e o pagamento efetivado através de sinais de rádios.

Os críticos do projeto não só denunciam o quanto esses sistemas transformam os seus portadores em bancos de dados abertos ambulantes, que fornecem informações precisas às empresas de que são clientes sobre seus hábitos e comportamento, muitas vezes de forma involuntária, mas também apontam, paradoxalmente, a sua insegurança: os cartões poderiam ser clonados por leitores não-oficiais. (p. 126)

O artista Drew Hemment apresenta a história do Baja-Beach Club, uma espécie de boate em Barcelona, que implanta os VeriChips (lá denominados VIP VeriChips) nos seus freqüentadores.

Punters were invited to have the VIP VeriChip (the same kind of chip injected under the skin of pets) injected under their skin. Just by having your arm scanned, you can be recognised as a VIP, skip the queues at the door and pay for your drinks at the end of the night. [2]

Hemment entrevistou Conrad Chase, dono do clube, que se justifica explicando que a aplicação da etiqueta faz com que as pessoas se sintam únicas. E assegura que o clube não retém informações pessoais de quem se sujeita aos VIP VeriChips.

The VIP Chip is the size and shape of a grain of rice, its miniaturised electronics encased in glass. It is injected under the skin by a qualified nurse in day-time clinics at the club. Since its launch at Baja Beach Club around 30 people have had the chip implanted. The chip is a radio frequency identification device (RFID) encoded with a unique verification number that can be read by an external scanner. It carries no power source and under normal circumstances lies dormant under the skin. But when a scanner is passed over it the chip is energised by radio frequency energy and it transmits the unique number in a low-range radio frequency signal. The number is an abstract digital marker, but by matching it against a database the identity of the chip (and so, by implication, the bearer) can be verified and information about the object (or person) in which it is embedded accessed. The benefits advertised by Baja Beach Club include no lengthy waits in queues, exclusive access to the VIP area, and a way to buy drinks without cards or change.[3]

Ao final do texto Giselle Beiguelman alerta sobre a dimensão política dessas novas tecnologias. O ser humano passou a ser uma simples ferramenta para a implatação da tecnologia, o que vai muito além da idéia do ciborgue.. Os corpos não são mais vistos como possibilidades de se tornarem metade humanos, metade digitais; já são encarados como potencialidades tecnológicas.

As tecnologias de produtividade e vigilância hoje se relacionam com o corpo humano sem estabelecer vínculos ciborgues, do tipo dos marca-passos ou das próteses de silicone. Trata-nos como mero alojamento necessário, que nos reduz à condição de dispositivo que participa da cadeia de seu funcionamento, desfazendo qualquer analogia com a estrutura fisiológica humana. (p. 127)

Foucault falava em princípio da biopolítica como “tecnologia de poder que se efetiva pelo controle da proporção dos nascimentos e óbitos, a taxa de reprodução e de fecundidade... (p. 127)”. Hoje a idéia de corpo social é substituída “pela de conjuntos de inputs mapeáveis por empresas que produzem tecnologias versáteis, como as baseadas em rádio-freqüência.(p.127)”

Mais do que o esvaziamento dos poderes públicos, esse quadro denuncia a passagem da sociedade da norma, em que se entrecruzam o sistema penal e os regimes disciplinares, à sociedade de controle, onde tudo e todos passam a funcionar como agentes de poderes modulares, constituindo um informe corpo corporativo que substitui a noção de indivíduo e de coletividade pela do dado escaneável. (p.127)

Em: BEIGUELMAN, G. . Sociedade anônima.In: BEIGUELMAN, G. Link-se – arte/mídia/política/cibercultura . – São Paulo: Peirópolis, 2005. Cap. 3, p.141 – 148.


Nesse texto, Beiguelman (2005) fala das novas formas de buscas da internet, como o site A9 da Amazon.com. O site pesquisa conforme técnicas do Google, algumas ferramentas do Alexa Web Search e o Search Inside the Book da loja de livros da Amazon. A inovação se dá no fato de que o site é utiliza um eficiente instrumento para a coleta de dados dos seus usuários.

O site elimina referências que aparecem em um mesmo domínio, indica outros sites que quem acessa o site previsto também pesquisa, indica também o tempo que o site demora para carregar, enfim, uma ótima ferramenta para otimizar os trabalhos de pesquisa feitos na rede. No entanto, para obter um histórico da sua pesquisa é preciso que se cadastre no site da Amazon.com.

Esse vínculo à assinatura da Amazon é o que diferencia a poderosa busca do A9 de outros programas. E aí, é bom lembrar que:

a) Tudo que for pesquisado estará diretamente associado ao seu número de cartão de crédito, endereço e perfil de consumo na Amazon.

b) Há quem diga que a Amazon pode estar pensando em um novo setor de negócios relacionado ao mercado de buscas, que venderia esse sistema para outros clientes.

c) Internet serve também para fazer compras on line, em outros sites, e as escolhas dos bens que você selecionou ou clicou também fazem parte desse conjunto de sites arquivados no seu histórico do A9. (p.144)

Isso é eficiente e muito prático para a rotina confusa que as pessoas estão submetidades, no entanto, saber que informações pessoais estão armazenadas em outro local que não seja o bolso da sua calça dá medo. Beiguelman conta a história do Gmail que quando foi lançado provocou muita polêmica. Isso porque as propagandas que aparecem no canto da tela tem a ver com a mensagem que está sendo lida, ou seja, será que alguém, além dos usuários, lêem os emails?

Foi o suficiente para que o serviço fosse acusado de violar a privacidade. O Google garante que tudo é feito por robôs e que ninguém leria as mensagens. Acreditamos. Até porque seria uma massa de mensagens que demandaria um exército global de funcionários. Mas ninguém está preocupado com quem lerá os e-mails. Isso só faria sentido na época mercantil do capitalismo. Não na informacional, em que a economia e as sociedades se organizam em sistemas de geometria variável, de acordo com o fluxo de dados. (p.146)

Giselle atenta a possibilidade de tornar essa ação mais ética permitindo ao usuário escolher se quer ou não se transformar em “em doador de dados ambulante, o que provavelmente seria feito na base de um serviço pago em contraposição a um modelo gratuito mantido pelo fornecimento automático dessas informações”(p.146).

E termina assim:

Tudo bem. Ninguém dotado de um par de neurônios em boas condições acreditava que a internet consolidaria a civilização ciberhippie e que nos tornaríamos todos webirmãozinhos, dividindo um mundo livre, ou que o capitalismo informacional nos livraria da violência da exploração do homem pelo homem numa economia sem suor.

Contudo, a recusa da inocência não nos exime de pensar que esse sistema poderia estar fundado numa teia de relações em que nos tornamos consumidores consumíveis pelo que consumimos e que isso demanda elaboração de contrapropostas políticas que saibam lidar com as especificidades dessa “sociedade patrocinada” que faz o capitalismo informacional funcionar. (p.146)

Em: BEIGUELMAN, G. . Está chegando a cultura cíbrida. Trópico. 22 maio 2003. Disponível em: http://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/1634,1.shl. Acesso em: 05/03/08.


Para Giselle Beiguelman (2003), corpo humano é uma extensão do mundo cíbrido que é pautado pela “interconexão de redes e sistemas on e off line”, uma vez que o padrão de vida passou a ser nômade através das tecnologias sem – fio. Esse corpo acaba se transformando em uma “interface entre o real e o virtual, nos direcionando para um processo de “ciborguização” irreversível sem que isso denote que nos tornaremos equipamentos de carne obsoletos”.

Esse corpo é, ao mesmo tempo, descaracterizado pelo digital, mas também é duplicado telepresença e presença física. E para a autora é justamente essa duplicidade que interessa entender.

Trata-se agora de refletir sobre a recepção em ambientes de constante fluxo, em condições entrópicas, onde o leitor está sempre envolvido em mais de uma atividade (dirigindo, olhando um painel eletrônico e falando ao telefone, por exemplo), interagindo com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas múltiplas e não-correlatas.

Criar para essas condições implica, por isso, repensar as condições de legibilidade e as convenções e formatos da comunicação no âmbito de práticas culturais relacionadas à ubiqüidade, ousando questionar se de fato rumamos para a tão alardeada convergência de mídias, ou se, ao contrário, o que se impõe é um cenário de leitura distribuída em inúmeras mídias (celulares, painéis eletrônicos, rádios, entre outras), respondendo às demandas pontuais de um leitor em trânsito permanente. (BEIGUELMAN; G., 2003)

Giselle (2003) cita o projeto Bits on Location, de Aram Bartholl:

O projeto inverte a relação corrente entre conteúdo e interface, mapeando os inúmeros pontos de conexão existentes numa cidade do século 21. Lendo a cidade com mídia (no caso, Berlim) e o espaço urbano como interface, Bartholl pesquisa o potencial de interconexão entre redes on line e off line que já se projeta hoje nos centros globalizados, aproveitando os dispositivos de comunicação sem fio como farejadores das informações distribuídas entre ruas e avenidas. (BEIGUELMAN; G., 2003)

Essas informações seriam obtidas através dos Smartphones e permitiria a comunicação entre os usuários e com o centro de dados dos espaços públicos e privados. Isso seria uma possiblidade de resolver “problemas práticos, como fazer compras, pesquisar preços e produtos nos supermercados ou encontrar o melhor caminho, comunicando-se com a central de trânsito, ou com outros usuários do sistema”, afirma Gisele (2003).

O interessante do modelo desenhado por Bartholl é que ele não prevê um órgão centralizador administrativo. Antes, parte do pressuposto que as cidades contemporâneas já funcionam baseadas em sistemas de redes que tendem a gerar mais e mais uma massa residual de dados com a expansão das WirelessLan e, conseqüentemente, dos serviços wireless. (BEIGUELMAN; G., 2003)

Essa massa permitiria um aproveitamento mais eficiente dos milhões de dados que circulam através dos fluxos informacionais. Essa organização se daria por meio de comunidades wireless que possibilitariam a conexão, dentro de um determinado raio, entre os usuários.

Tudo indica que veremos brevemente surgir a necessidade de urbanistas especializados em organizar o racionalmente a distribuição de dados. Enquanto isso não acontece, pode-se ainda divertir-se com a realidade do espaço informacional que nos rodeia babelicamente. (BEIGUELMAN; G., 2003)

Casos citados pela autora:

É o que fazem Julia Guther e Jakob Lehr com seu hilário n:info que também lida com a cidade como dataspace passível de ser personalizado pelos seus usuários. Trata-se de uma espécie de antilente de aumento, pois baseia-se em uma tela inteligente que permite aos seus usuários retirar do campo de visão os elementos da paisagem urbana que não lhes interessa ou de que simplesmente não gostam. Basta apontar o dispositivo e deletar o excesso de informação circundante.

Ainda na linha do nem tudo que é sério é chato, é bom recordar do Imon, um dispositivo para maníacos que confundem, ainda, a tela do computador com a internet. É um browser para ser utilizado em situações off line. Tudo o que se tem a fazer é imprimir o modelo disponível no site, recortar, aproximá-lo de qualquer objeto ou situação off line e brincar de navegar sem-fio pelo dataspace. Pronto, para quem ainda não entendeu que a internet não é um epifenômeno do computador e que a interface não é um atributo da tela, é um aparato mais que suficiente.

Sarcasmo à parte, vale mencionar outro aplicativo desenvolvido por Jakob Lehr, o m-Disco, que reflete sobre novos formatos de organização da informação, porém explorando seus potenciais comunitários. Nesse caso, trata-se de uma ferramenta para dispositivos móveis, alimentada por dados sobre o perfil de seus usuários, cuja finalidade é permitir o encontro entre pessoas com interesses semelhantes.

É básico, obviamente, para o sucesso de uma operação como essa, que a discussão não se esgote na solução técnica, como a organização e disponibilização dos dados dispersos na malha urbana em sistemas P2P (pessoa a pessoa) que rege o Bits on Location, mas sim tecnológica, explorando o intrincado território da inteligência coletiva a que pensadores como Pierre Lévy, Michel Authier e, no Brasil, Rogério da Costa e André Lemos vêm se dedicando sistematicamente.

Em síntese, o que o m-Disco faz ou o que está por trás do potencial sucesso do Bits on Location, é o fenômeno característico das comunidades virtuais que se organizam momentaneamente por sistemas de agentes inteligentes dispersos em diferentes redes de informação, distribuídos em vários sistemas de comunicação conectados ao corpo ou não, mas sempre conectados entre si em configurações provisórias.

Nesse sentido, é importante chamar atenção para projetos como o C-Watch, das pesquisadoras Anne Katrin Konertz e Camilla Hager, que reinventa o tradicional walkman no âmbito das práticas de sampleagem e compartilhamento que se consolidaram depois do sucesso do Napster.

Trata-se de um relógio de pulso, integrado a um computador com conexão via tecnologia bluetooth2, que não só permite escutar música, mas ouvir as músicas que outros portadores do C-Watch estão escutando e trocar faixas musicais com eles.

Referenda-se aí o contexto de mixagem do dataspace que não só emaranha profundamente as dinâmicas que enunciavam a figura do autor, ao mesclá-la a do recepctor/interator, como reconfigura a noção e a idéia de autoria por processos de conexão e linkagem, que, a um só tempo, operam sua fragmentação e sua união a de outros autores correlatos ou não. (BEIGUELMAN; G., 2003)