17 de mar. de 2008

Arte Wireless - Giselle Beiguelman

Arte Wireless
Por Giselle Beiguelman

Disponível em http://www.razonypalabra.org.mx/anteriores/n41/gbeiguel.html
Acesso 28 de Fevereiro, 2008-03-02


A Autora começa o artigo com dados sobre o uso de dispositivos portáteis de comunicação sem-fio, mostrando um aumento irreversível tanto no consumo quanto na conexão à internet atraves destes dispositivos móveis.

“Esses dados apontam não só para a incorporação do padrão de vida nômade, mas, também indicam que o corpo humano se transformou em um conjunto de extensões ligadas a um mundo cíbrido, pautado pela interconexão de redes e sistemas on e off line”.

Estes dispositivos móveis servem como ferramentas para que nos adaptemos ao mundo de contínua aceleração e à vida urbana. Com isso, a autora propoe uma reflexão sobre como se dá a recepção, uma vez que estes dispositivos possuem, como característica, o fato se enquadrar no contexto onde o ser humano é multi tarefa, ou seja, desempenha diversas atividades ao mesmo tempo: fala ao telefone, enquanto dirige e olha painéis eletronicos.

“Criar para essas condições implica, por isso, repensar as condições de legibilidade e as convenções e formatos da comunicação e transmissão. Mas implica também compreender os meandros políticos, econômicos e ideológicos que interpõem a essas condições de criação”.

Dentro deste contexto, é preciso pensar na relação entre os artistas e as empresas e como a produção, circulação e a recepção destas experiencias realizadas em redes se dão. Não é tarefa fácil para o artista usar destas ferramentas na realização da obra sem, no entanto, deixar de lado a sua liberdade crítica.

“Um raciocínio simplista poderia concluir aí: arte e cultura não podem ser produzidas com perspectivas críticas nesses moldes”. Mas, como bem coloca Beiguelman (ano), é preciso “Lembrar que o campo estrutural da ciberpolítica hoje não é questionamento da marca ou do produto em si, mas os sistemas operacionais e o tipo de codificação dos programas utilizados: abertos ou fechados”.

É fundamental ter em mente, que este ambiente da arte wireless é totalmente mediado pelas operados e pelos fabricantes e dependem inteiramente deles, ainda mais quando as universidades (principalmente as brasileiras) não possuem aparelhos suficientes e necessarios para o incentivo da pesquisa. Por estes motivos, espera-se mais ainda que o artista não perca a responsabilidade crítica.

“Ao contrário, exige dele, talvez mais do que nunca, a consciência de que qualquer opção tecnológica é ideológica e que manter sua liberdade de criação e pensamento, nesse âmbito, passa pelo abandono de posturas românticas fundadas na base da divisão de trabalho entre os inspirados e os transpirados. Sem conhecer os fundamentos da programação, corre-se o risco de virar garoto-propaganda sem sequer saber do quê....”

A arte wireless vem para nos mostrar, mais uma vez, que o ser humano é um ser político, que pertence à cidade, à este ambiente em que se é possivel compartilhar e interagir.
A partir daí, a autora irá analisar duas obras expostas na exposição “Life Goes Mobile”, realizada entre os dias 10 e 12 de setembro, no Instituto Tomie Ohtake, com curadoria de Bambozzi e patrocínio da Nokia Trends. As obras são: “Argos” de Helga Stein e “Constelações” do coletivo Re:Combo

“´Argos´ lançava, assim, ao público não só questões sobre como as novas tecnologias estão participando de uma outra codificação da subjetividade, descolada da referência ontológica e mediada pela tela, como sugeria uma cultura wireless pautada pela miscigenação e mutação, em consonância com uma contemporaneidade que se faz pela crítica da sociedade do espetáculo a partir do espetáculo de si mesmo”.

Com base em uma pequena análise das obras, a autora termina o artigo levantando as seguintes questões: dentro deste contexto, como fazer uma arte que possa ser experimentada no meio de outras coisas e como se relacionar com este novo ambiente, onde dispersão e distribuição são palavras-chaves.

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