18 de mar. de 2008

Cibercultura e Mobilidade: a Era da Conexão

LEMOS, André.Cibercultura e Mobilidade: a Era da Conexão.Razón Palabra, México,out.-nov.2004
Acesso em:25 fev.2008

  Estamos vivendo a "era da conexão" que também é a era da mobilidade.Esta era, que marca o início do século XXI, se caracteriza  pela emergência da computação ubíqua, pervasiva ou senciente.(Compreende-se por "computação ubíqua" ou "pervasiva" a disseminação dos computadores em todos os lugares. A " computação pervasiva", está diretamente ligada a ubiqüidade e se caracteriza pela introdução de chips em equipamentos e objetos que passam a trocar informações. A "computação senciente" refere-se a possibilidade de interconexão de computadores e objetos através de sensores que passam a se reconhecer de maneira autônoma e a trocar informações).      

  A internet sem fio,os objetos sencientes (RFID5, bluetooth) e a telefonia celular de última geração  trazem novas questões em relação ao espaço público e espaço privado, como a privatização do espaço público ( onde estamos quando nos conectamos a internet em uma praça ou quando no celular em meio a multidão das ruas?), a privacidade ( cada vez mais deixaremos rastros dos nossos percursos no nosso quotidiano), a relação social em grupo com as smart mobs, etc. As novas formas de comunicação sem fio estão redefinindo o uso do espaço de lugar e dos espaços de fluxos. Nas cidades contemporâneas, os tradicionais espaços de lugar (rua, praças, avenidas, monumentos) estão, pouco a pouco, transformando-se em espaços flexíveis, comunicacionais, "lugares digitais".(LEMOS, 2004) 

Em relação as formas de comunicação móveis, podemos dizer que, uma reconfiguração do espaço e tempo está aparecendo, uma reconfiguracao que implica que a forma e o propósito da comunicação definem o 'publico' e o 'privado', e não o espaço no qual a comunicação acontece. (Cooper, Green, Murtagh, Harper, apud Lemos, 2004)

     As novas características das cidades contemporâneas estão diretamente ligadas `a mobilidade."Define-se mobilidade como o movimento do corpo entre espacos, entre localidades, entre espaços privados e públicos."(LEMOS, 2004)

     Lemos(2004) cita em seu artigo  Meyrowitz. Este compara os homens da era da conexão com os antigos nômades: "De várias maneiras, nos retornamos a experiências semelhantes e aos papéis imprecisos dos nômades. Mais uma vez, nos enfrentamos a dificuldade de escapar uns dos outros. De fato, é cada vez mais difícil separar uma esfera social da outra, uma atividade da outra, uma área de conhecimento e experiência da outra."(Meyrowitz apud Lemos, 2004)

     Na era da conexão, o que está em marcha são processos de ações imateriais, onde a comunicação sem fio é sua maior expressão. O celular expressa a radicalização da convergência digital, transformando-se em um teletudo para a gestão móvel e informacional do quotidiano. De media de contato inter-pessoal, o celular está se transformando em um media massivo.

     Lemos (2004) questiona se o telefone celular é um verdadeiro canal de comunicação, ou se ele é utilizado apenas para trocas rápidas de informação, não caracterizando um verdadeiro processo comunicacional.Ele conclui que “os celulares devem ser entendidos como instrumentos que podem aumentar as possibilidades de emissão e de recepção de informações, ampliando as probabilidades de comunicação mas não garantindo, necessariamente, um maior enriquecimento do processo comunicativo.”

 1. a disseminação de instrumentos de informação não necessariamente melhoram a performance comunicativa; 

2. não há determinismo técnico nesse sentido, e o controle sobre o quotidiano, tendo o celular como um controle remoto da vida, não garante a construção de uma sociedade da comunicação aberta, melhor ou em direção ao entendimento; 

3. O determinismo tecnológico deve ser aqui rechaçado e as máscaras da ideologia reveladas. A era da conexão não é necessariamente uma era da “comunicação”.

Surgem ainda novas tecnologias sem fio com função de mobilizar a sociedade nas metrópoles contemporâneas. São elas as smart mobs :” São denominadas smart mobs o uso de tecnologias móveis para formar multidões ou massas com objetivo de ação no espaço público das cidades."(LEMOS,2004)

Lemos (2004) caracteriza as smart mobs como fenômenos de massa, distinguindo estas das outras formações de massa apenas pelo uso das novas tecnologias móveis sem fio para agregação soacial no espaço público:

 1. elas são abertas que tendem a crescer e onde reina a igualdade (a massa formada é aberta à priori, constituída de indivíduos que não pertencem ao mesmo grupo e que vão exercer o sentimento de igualdade juntando-se); 

2. elas são rítmicas (vão no movimento da convocação – por SMS, e-mails, blogs - onde “la densité est consciemment structurée par esquive et rapprochement”) e; 

3. Elas são rápidas.

Depois de séculos de esvaziamento do debate político no espaço público, esse fenômeno mostra o desgaste das atividades políticas clássicas e a emergência de novas formas micro-políticas de ação.(LEMOS, 2004)

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