17 de mar. de 2008

Em: BEIGUELMAN, G. . Sociedade anônima.In: BEIGUELMAN, G. Link-se – arte/mídia/política/cibercultura . – São Paulo: Peirópolis, 2005. Cap. 3, p.141 – 148.


Nesse texto, Beiguelman (2005) fala das novas formas de buscas da internet, como o site A9 da Amazon.com. O site pesquisa conforme técnicas do Google, algumas ferramentas do Alexa Web Search e o Search Inside the Book da loja de livros da Amazon. A inovação se dá no fato de que o site é utiliza um eficiente instrumento para a coleta de dados dos seus usuários.

O site elimina referências que aparecem em um mesmo domínio, indica outros sites que quem acessa o site previsto também pesquisa, indica também o tempo que o site demora para carregar, enfim, uma ótima ferramenta para otimizar os trabalhos de pesquisa feitos na rede. No entanto, para obter um histórico da sua pesquisa é preciso que se cadastre no site da Amazon.com.

Esse vínculo à assinatura da Amazon é o que diferencia a poderosa busca do A9 de outros programas. E aí, é bom lembrar que:

a) Tudo que for pesquisado estará diretamente associado ao seu número de cartão de crédito, endereço e perfil de consumo na Amazon.

b) Há quem diga que a Amazon pode estar pensando em um novo setor de negócios relacionado ao mercado de buscas, que venderia esse sistema para outros clientes.

c) Internet serve também para fazer compras on line, em outros sites, e as escolhas dos bens que você selecionou ou clicou também fazem parte desse conjunto de sites arquivados no seu histórico do A9. (p.144)

Isso é eficiente e muito prático para a rotina confusa que as pessoas estão submetidades, no entanto, saber que informações pessoais estão armazenadas em outro local que não seja o bolso da sua calça dá medo. Beiguelman conta a história do Gmail que quando foi lançado provocou muita polêmica. Isso porque as propagandas que aparecem no canto da tela tem a ver com a mensagem que está sendo lida, ou seja, será que alguém, além dos usuários, lêem os emails?

Foi o suficiente para que o serviço fosse acusado de violar a privacidade. O Google garante que tudo é feito por robôs e que ninguém leria as mensagens. Acreditamos. Até porque seria uma massa de mensagens que demandaria um exército global de funcionários. Mas ninguém está preocupado com quem lerá os e-mails. Isso só faria sentido na época mercantil do capitalismo. Não na informacional, em que a economia e as sociedades se organizam em sistemas de geometria variável, de acordo com o fluxo de dados. (p.146)

Giselle atenta a possibilidade de tornar essa ação mais ética permitindo ao usuário escolher se quer ou não se transformar em “em doador de dados ambulante, o que provavelmente seria feito na base de um serviço pago em contraposição a um modelo gratuito mantido pelo fornecimento automático dessas informações”(p.146).

E termina assim:

Tudo bem. Ninguém dotado de um par de neurônios em boas condições acreditava que a internet consolidaria a civilização ciberhippie e que nos tornaríamos todos webirmãozinhos, dividindo um mundo livre, ou que o capitalismo informacional nos livraria da violência da exploração do homem pelo homem numa economia sem suor.

Contudo, a recusa da inocência não nos exime de pensar que esse sistema poderia estar fundado numa teia de relações em que nos tornamos consumidores consumíveis pelo que consumimos e que isso demanda elaboração de contrapropostas políticas que saibam lidar com as especificidades dessa “sociedade patrocinada” que faz o capitalismo informacional funcionar. (p.146)

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